Já faz alguns anos que o Mercado Livre de Energia vem mantendo seu crescimento constante. De novembro de 2021 a novembro de 2022, a demanda aumentou 8%, totalizando 25.080 MWmed (Megawatt médio) no mês.
Com isso, a participação do mercado livre já representa 38% do volume total de energia consumido no Brasil e com expectativas de manutenção desse crescimento para os próximos anos, essencialmente pela adoção desse tipo de negociação realizada por indústrias, beneficiando-as de diversas formas.
Para entender mais sobre os benefícios do mercado livre de energia para o ambiente industrial, conversamos com Bernardo Sicsú, vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia).
Mercado Livre de energia (MLE): entendendo o conceito
Antes de conhecer a série de benefícios do Mercado Livre de Energia para o ambiente industrial, devemos, inicialmente, entender o que está relacionado ao conceito de MLE.
Basicamente, o mercado livre de energia é um ambiente de negócios onde vendedores e compradores podem, de forma voluntária, negociar energia elétrica entre eles, como explica Bernardo Sicsú.
“No Mercado livre de energia, fornecedores e consumidores negociam livremente as condições de compra e venda de energia, como preços, prazos, fonte da geração e outras flexibilidades contratuais.”
Isso permite que os consumidores contratem o seu fornecimento de energia elétrica diretamente das empresas geradoras e de comercializadoras, com maior opção de negociação.
Neste modelo de negociação, a distribuidora continua como empresa responsável pela administração da infraestrutura de fios e outros equipamentos, pela qual a energia elétrica, mesmo a adquirida no mercado livre, é entregue ao consumidor.
Indústrias são as grandes consumidoras beneficiadas pelo mercado livre de energia
Na atualidade, o mercado livre possui dois tipos de consumidores: livres e especiais.
Consumidores livres devem possuir, no mínimo, 2.000 kW de demanda contratada de energia proveniente de qualquer fonte de geração de energia. Já para consumidores especiais, o consumo deverá ser igual ou maior que 500 kW e menor que 1.500 kW.
Neste segundo caso, a energia comercializada deverá se basear em fontes especiais, caso da energia eólica, solar, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) ou hidráulica de empreendimentos com potência inferior ou igual a 50.000 kW.
Mas, a partir de janeiro deste ano (2023), Sicsú explica que as empresas com demanda de energia superior a 500 kW podem participar do mercado livre comprando energia de qualquer fonte geradora.
Segundo o vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel, o processo de abertura segue no ano seguinte (2024).
“A partir de janeiro de 2024, o mercado livre de energia estará acessível para qualquer consumidor de energia em alta tensão. Isso beneficiará um grupo adicional de mais de 100 mil consumidores”, explica.
Segundo Sicsú, essas empresas, se decidirem migrar para o ambiente de contratação livre, terão uma série de benefícios:
- Poderão obter preços mais competitivos;
- Terão serviços especializados em gestão de energia;
- Conseguirão optar por fontes energéticas renováveis. “Com isso, a indústria conseguirá atrelar essa decisão a estratégias ambientais cada vez mais demandadas por consumidores e financiadores”, completa.
Benefícios do mercado livre de energia para o ambiente industrial
Independente de segmento, a indústria em geral está sempre desenvolvendo técnicas e estratégias para ganhar maior competitividade dentro do setor e, como sabemos, o gasto com energia elétrica pode chegar a até 40% dos custos de produção.
Neste contexto, diante do seu crescimento, o Mercado Livre de Energia tem cumprido seu papel de importância na indústria nacional, principalmente por permitir a livre negociação dos contratos de energia com preços bem mais competitivos, como salienta Bernardo Sicsú.
“Na medida em que o mercado livre oferece preços mais competitivos para a compra de energia, esse ambiente de contratação funciona como um elemento de aumento da competitividade do setor industrial, independente do setor produtivo.”
Mas, para o vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel, o mercado livre vai além de ser um parceiro estratégico da indústria apenas por causa dos preços mais competitivos. Segundo ele, os benefícios vão muito além.
“Os fornecedores terão também a capacidade de ofertar serviços associados à gestão de energia, pelos quais as indústrias podem melhorar ainda mais o planejamento e a produção.”
Por fim, ao participarem do mercado livre de energia, Sicsú acredita que as indústrias podem escolher a fonte de geração de energia para seus processos, optando, por exemplo, por fontes renováveis.
“Ao atrelar essa decisão às estratégias de sustentabilidade ambiental - algo que é cada vez mais demandado pelos consumidores e investidores - a indústria será beneficiada de muitas formas”, finaliza.
Assim, com a migração massiva de consumidores industriais, o Mercado Livre de Energia deixou de ser apenas uma alternativa e passou a representar uma necessidade competitiva para o mercado externo e interno.
Você quer saber mais sobre esse tema? Então confira os principais diferenciais e benefícios gerais do Mercado Livre de Energia.
