A reciclagem se tornou um processo decisivo no setor do plástico. É por meio dela que o plástico ganha duas características, hoje imprescindíveis de sua vida útil: perder o que existiria de nocivo ao meio ambiente e maximizar o lucro de uma empresa. A aposta na reciclagem não se tornou apenas algo irreversível. É, também, uma garantia de oportunidades. “Em termos de vantagens, são várias e significativas, tanto para a indústria, quanto, e principalmente, para a sociedade”, resume Zeca Martins, diretor-executivo do Simplás (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho).
No último balanço do setor, encomendado em 2012 pela Plastivida à MaxiQuim, verificou-se que a indústria nacional recicla mecanicamente 21% do total dos plásticos pós-consumo no país. O Brasil, assim, está à frente de países como Reino Unido (20%), França (19%), Finlândia (18%) e Grécia (17,6%).
Mas nem tudo tem sido fácil à vida do reciclador. Embora as oportunidades sejam imensas, Martins faz um alerta: as dificuldades impostas pelo tributo cobrado do setor prejudicam os ganhos. “É importante alertar à sociedade que a situação atual do setor de reciclagem anda bem mais difícil do que foi no passado. E é justamente aquela que ainda colabora para não termos um planeta melhor para viver”, lamenta.
Na origem do problema, segundo o diretor, está a estrutura do imposto, que é mal formulada e onera duas vezes o empresário. “A questão tributária, hoje, impacta muito no setor. Porque é como se o reciclador pagasse duas vezes o imposto sobre a mesma matéria-prima, como resina virgem e, depois, reciclada”, explica.
Não são apenas os problemas estruturais, no entanto, que têm pressionado à reciclagem nacional. O próprio setor não tem feito sua parte em alguns momentos. É preciso, assim, segundo o diretor, uma maior conscientização entre os próprios empresários, sobretudo para combater o excesso de informalização e o sucateamento dos preços.
“A cadeia enfrenta desafios, que vão de questões tributárias, acesso à matéria-prima, informalidade excessiva e empresas pouco organizadas ou carentes de profissionalismo, algumas das quais podem comprometer o mercado, em função de gestão precária”, resume Zeca Martins. “O reciclador, na verdade, é um guerreiro, que vence muitas dificuldades de seu cotidiano. E, por isso, todas as entidades estão lutando muito para melhorar o cenário”.